segunda-feira, 18 de novembro de 2019

JESUS AGINDO APÓS A SUA VOLTA AO MUNDO ESPIRITUAL


CEEB 18/11/2019
TURMA: JOANA DE ÂNGELIS – 3º CICLO - SEGUNDA À NOITE
TEMA: O LIVRO NO ROTEIRO DE JESUS 4ª PARTE
ASSUNTO: JESUS AGINDO APÓS A SUA VOLTA AO MUNDO ESPIRITUAL
Objetivo: Refletir sobre Jesus e seu trabalho iluminativo de amor por todos nós, em todos os tempos, encarnado e desencarnado. 
PÁGINA DE ABERTURA:
PRECE INICIAL.
DESENVOLVIMENTO DA AULA: 
A ideia é que possamos apresentar três textos para reflexão da turma.
Cada evangelizador fará a leitura de um texto. Após perguntamos que sentimento podemos identificar naquela leitura?
Na sequência as crianças terão dois minutos para formularem as perguntas refentes a cada texto.
As perguntas serão guardadas e ao final da leitura dos textos, seraõ sorteadas entre os envagelizandos para que uns façam perguntas aos outros.

Finalizar a aula pedindo que a turma ouça a música UM CERTO GALILEU. Pedir que a turma se concentre para conseguir imaginar cada situação apresentada na canção, ou seja, tentar se sentir aqueles que estiveram ao lado de Jesus qdo aqui esteve.
Após a canção, comentar que a música foi escolhida com o propósito de ressaltar a tolerância entre cristão, como Jesus espera. (A música é católica).
Fechar a reflexão falando que embora tenhamos matado o corpo de Jesus, Ele continua mais vivo do que nunca, conforme verificamos nos textos lidos, e espera de nós que possamos cumprir A Ordem do Mestre, não só no Natal, mas todos os dias das nossas vidas. 

Prece final.

ANEXOS E SUBSÍDIOS:
Por que, Senhor?

1 … E Nicodemos, o grande Nicodemos dos dias primeiros do Evangelho, passou a contar-nos:
— Depois da aparição do Senhor aos quinhentos da Galileia, certo dia, ao entardecer, detive-me à beira do lago de suas pregações, rogando a Ele me dissipasse as dúvidas. Ante os ensinamentos divinos, eu experimentava o entrechoque em torno das ideias de justiça e misericórdia, responsabilidade e perdão… De que maneira conciliar o bem e o mal? como estabelecer a diferença entra o prêmio e castigo? Atormentado, perante as exigências da Lei de que eu era intérprete, supliquei-lhe a palavra e eis que, de súbito, o Excelso Benfeitor apareceu junto de mim… Prostrei-me na areia e Jesus, aproximando-se, tocou-me, de leve, a cabeça fatigada, e inquiriu:
2 — Nicodemos, que pretendes de mim?
— Senhor — expliquei —, tenho o pensamento em fogo, tentando discernir sobre retidão e delinquência, bondade e correção… Porque te banqueteaste com pecadores e tanta vez te referiste, quase rudemente, aos fariseus, leais seguidores de Moisés? Acaso, estão certas as pessoas de vida impura, e erradas aquelas outras que se mostram fiéis à Lei?
3 Jesus respondeu com inflexão de brandura inesquecível:
— Nunca disse que os pecadores estão no caminho justo, mas afirmei que não vim ao mundo socorrer os sãos, e sim os enfermos. Quanto aos princípios de santidade, que dizer dos bons que detestam os maus, dos felizes que desprezam os infelizes, se todos somos filhos de Deus? de que serve o tesouro enterrado ou o livro escondido no deserto?
4 — Messias — prosseguiu —, porque dispensaste tanta atenção a Zaqueu, o rico, a ponto de lhe compartilhares a mesa, sem visitar os lares pobres que lhe circundam a moradia?
— Estive com a multidão, desde as notícias iniciais do novo Reino!… Relativamente a Zaqueu, é ele um rico que desejava instruir-se, e furtar a lição, àqueles amigos a quem o mundo apelida de avaros, é o mesmo que recusar remédio ao doente…
5 — E as meretrizes, Senhor? porque as defendeste?
— Nicodemos, na hora do Juízo Divino, muitas dessas mesmas desventuradas mulheres, que censuras, ressurgirão do lodo da angústia, limpas e brilhantes, lavadas pelo pranto e pelo suor que derramaram, enquanto que aparecerão pejados de sombra e lama aqueles que lhes prostituíram a existência, depois de lhes abusarem da confiança, lançando-as à condenação e à enfermidade.
6 — Senhor, ouvi dizer que deste a Pedro o papel de condutor dos teus discípulos… Porquê? não é ele o colaborador que te negou três vezes?!…
— Exatamente por isso… Na dor do remorso pelas próprias fraquezas, Simão ganhará mais força para ser fiel… Mais que os outros companheiros, ele sabe agora quanto custa o sofrimento da deserção…
7 — Mestre, e os ladrões do último dia? porque te deixaste imolar entre dois malfeitores? e porque asseguraste a um deles o ingresso no paraíso, junto de ti?
— Como podes julgar apressadamente a tragédia de criaturas cuja história não conheces desde o princípio? Não acoberto os que praticam o mal; no entanto, é preciso saber até que ponto terá alguém resistido à tentação e ao infortúnio para que se lhe meça o tamanho da falta… Há famintos que se transformam em vítimas do próprio desequilíbrio e há empreiteiros da fome que responderão pela crueldade com que sonegam o pão… Com referência ao amigo a quem prometi a entrada imediata na Vida Superior, é verdade que assim o fiz, mas não disse para quê… Ele realmente foi conduzido ao Mundo Maior para ser reeducado e atendido em suas necessidades de erguimento e transformação!…
8 — Senhor — insisti —, e a responsabilidade com que nos cabe tratar da justiça? porque pediste perdão ao Todo-Poderoso para os próprios carrascos, quando dependurado na cruz do martírio, inocentando os que te espancavam?
— Não anulei a responsabilidade em tempo algum… Roguei, algemado à cruz: ( † ) “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem…” Com isso, não asseverei que os nossos adversários gratuitos estivessem fazendo o que deviam fazer… Esclareci, tão só, que eles não sabiam o que estavam fazendo e, por isso mesmo, se revelavam dignos da maior compaixão!…
9 Ante as palavras do Senhor — concluiu o antigo mestre de Israel —, as lágrimas me subiram das entranhas da alma para os olhos… Nada mais vi que não fosse o véu diáfano do pranto, a refletir as sombras que anunciavam a noite… Ainda assim, ouvi, como se o Senhor me falasse longe, muito de longe:
— Misericórdia quero, não sacrifício… ( † )
10 Nesse ponto da narrativa, Nicodemos calou-se. A emoção sufocara a voz do grande instrutor, cuja presença nos honrava a mansão espiritual. E, quanto a nós, velhos julgadores do mundo, que o ouvíramos atentos, entramos todos em meditação e silêncio, de vez que ninguém apareceu em nossa tertúlia íntima com bastante disposição para acrescentar palavra.

.Irmão X
(.Humberto de Campos)
22 - O SEMEADOR INCOMPLETO

Conta-se que existiu um cristão inteligente e sincero, de convicções forte e maneiras francas, que, onde estivesse, atento às letras evangélicas, não deixava de semear a palavra do Senhor.
Excelente conversador, ocupava a tribuna com êxito invariável. As imagens felizes fluíamlhe dos lábios quais arabescos maravilhosos de som. Ensinava sempre, conduzia com lógica, aconselhava com acerto, espalhava tesouros verbais. No entanto, reconhecia-se incompreendido de toda gente.
Em verdade, no fundo, exaltava o amor; todavia, acima de tudo, queria ser amado.
Salientava os benefícios da cooperação; contudo, estimava a colaboração alheia, sentindose diminuído quando as situações lhe reclamavam concurso fraterno. Sorria, contente, ao receber o titulo de orientador; entretanto, dificilmente sabia utilizar o titulo de irmão.
Habituara-se, por isso, ao patriarcado absorvente criado pelos homens na imitação do patriarcado libertador de Deus.
Com a passagem do tempo, todavia, suas palavras perderam o brilho. Faltava-lhe a claridade interior que somente a integração com Jesus pode proporcionar.
Servo caprichoso e rígido, insulou-se no estudo das letras sagradas e buscou situar-se nos símbolos da Boa Nova, descobrindo para ele mesmo a posição do semeador incompreendido.
 As estações correram sucessivas e a luz de cada dia encontrou-o sempre sozinho e distante...
Dizia-se enfastiado das criaturas. Semeara entre elas, afirmava triste, as melhores noções da vida, recebendo, em troca, a ingratidão e o abandono. Sentia-se ausente de sua época, desajustado entre os companheiros e descrente do mundo. E porque não desejava contrariar a si mesmo, retirara-se das atividades sociais, a fim de aguardar a morte.
Efetivamente, o anjo libertador, decorrido algum tempo, veio subtraí-lo ao corpo físico.
Estranho, agora, durante muitos anos. Mantinha-se apagada a lâmpada de seu coração.
Não possuía suficiente luz para identificar os caminhos novos ou para ser visto pelos emissários celestes.
O inteligente instrutor, por fim, valeu-se da prece. Afinal, fora sincero em seus pontos de vista e leal a si próprio. E tanto movimentou os recursos da oração que o Senhor, ouvindolhe as suplicas bem urdidas, desceu em pessoa aos círculos penumbrosos.
Sentindo-se agraciado, o infeliz alinhou frases preciosas que Jesus anotava em silencio.
 Depois de longa exposição verbal do aprendiz, perguntou o Mestre, amável:
 - Que missão desempenhaste entre os homens?
 O interpelado fixou o gesto de quem sofre o golpe da injustiça e esclareceu:
 - Senhor, minha tarefa foi semelhante à daquele semeador de tua parábola. Gastei varias dezenas de anos, espalhando tuas lições na Terra. No entanto, não fui bem-sucedido no ministério. As sementes que espargi a mancheias sempre caíram em terra sáfara. Quando não eram eliminadas pelas pedras do orgulho, apareciam monstros da vaidade, destruindoas, surgiam espinhos da insensatez sufocando-as, crescia o lodo do mal, anulando-me o serviço. Nunca fugi ao esforço de oferecer teus ensinamentos com abundância. Atirei-os aos quatro cantos do mundo, através da tribuna privada ou da praça livre. Todavia, meu salário tem sido o pessimismo e a derrota...
Jesus fitava-o, condoído. E porque os lábios divinos nada respondessem, o aprendiz acentuou:
 - Portanto, é imperioso reconhecer que te observei as advertências... Fui sincero contigo e fiel a mim mesmo...
 Verificando-se novo intervalo, disse o Senhor com imperturbável serenidade:
 - Se atiraste tantas semente a esmo, que fazias do solo? Acreditas que o Supremo Criador conferiu eternidade ao pântano e ao espinheiro? Que dizer do lavrador que planta desordenadamente, que não retira as pedras do campo, nem socorre o brejo infeliz? É fácil espalhar sementes porque os principais sublimes da vida procedem originariamente da Providencia Divina. A preparação do solo, porém, exige cooperação direta do servo disposto a contribuir com o próprio suor. Que fizeste em favor dos corações que converteste em terra de tua semeadura? Esperavas, acaso que o logo lodacento te procurasse as mãos para ser drenado, que as pedras te rogassem remoção, que os carrascais te pedissem corrigenda?
Permaneceria a sementeira fora do plano educativo estabelecido pelo Pai Eterno para o Universo inteiro?
 Ante nova pausa que se fizera, o crente, desapontado, objetou:
 - Contudo, tua parábola não se refere aos nossos deveres para com o solo...
 - Oh! – tornou Jesus, complacente – estará o mestre obrigado a resolver os problemas dos discípulos? Não me reportei a Vinha do Mundo, à charrua do esforço, ao trigo da verdade e ao joio da mentira? Não expliquei que o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se transformou em servo de todos? Não comentei, muitas vezes, as necessidades do serviço?
 O ex-instrutor silenciou em pranto convulso.
 O Senhor, todavia, afagou-lhe pacientemente a fronte e recomendou:
 - Volta, meu amigo, ao campo do trabalho terrestre e não te esqueças do solo, antes de semear. Cada coração respira em clima diferente. Enquanto muitos permanecem na zona fria da ignorância outros se demoram na esfera tórrida das paixões desvairadas. Volta e vive com eles, amparando a cada um, segundo as suas necessidades. Aduba a sementeira do bem, de conformidade com as exigências de cada região. Esse ministério abençoado reclama renuncia e sacrifício. Atendendo aos outros, ajustarás a ti mesmo. Por enquanto, és apenas o semeador incompleto. Espargiste as sementes, mas não consultaste as necessidade de chão. Cada gleba tem as suas dificuldades, os seus problemas e percalços diversos. Vai e, antes de tudo, distribuí o adubo da fraternidade e do entendimento.
Nesse instante, o ex-pregador da verdade sentiu-se impelido por vento forte. A lei do renascimento arrebatava-o às esferas mais baixas, onde, novamente internado na carne, trabalharia, não para ser compreendido, mas para compreender.


A Ordem do Mestre

Avizinhando-se o Natal, havia também no Céu um rebuliço de alegrias suaves. Os Anjos acendiam estrelas nos cômoros de neblinas douradas e vibravam no ar as harmonias misteriosas que encheram um dia de encantadora suavidade a noite de Belém. Os pastores do paraíso cantavam e, enquanto as harpas divinas tangiam suas cordas sob o esforço caricioso dos zéfiros da imensidade, o Senhor chamou o Discípulo Bem-Amado ao seu trono de jasmins matizados de estrelas.
O vidente de Patmos não trazia o estigma da decrepitude como nos seus últimos dias entre as Espórades. Na sua fisionomia pairava aquela mesma candura adolescente que o caracterizava no princípio do seu apostolado.
- João – disse-lhe o Mestre – lembras-te do meu aparecimento na Terra?
- Recordo-me, Senhor. Foi no ano 749 da era romana, apesar da arbitrariedade de frei Dionísios, que colocou erradamente o vosso natalício em 754, calculando no século VI da era cristã.
- Não, meu João – retornou docemente o Senhor – não é a questão cronológica que me interessa em te arguindo sobre o passado. É que nessas suaves comemorações vem até mim o murmúrio doce das lembranças!...
- Ah! sim, Mestre Amado – retrucou pressuroso o Discípulo – compreendo-vos. Falais da significação moral do acontecimento. Oh!...se me lembro... a manjedoura, a estrela guiando os poderosos ao estábulo humilde, os cânticos harmoniosos dos pastores, a alegria ressoante dos inocentes, afigurando-se-nos que os animais vos compreendiam mais que os homens, aos quais ofertáveis a lição da humildade com o tesouro da fé e da esperança.
Naquela noite divina, todas as potências angélicas do paraíso se inclinaram sobre a Terra cheia de gemidos e de amargura para exaltar a mansidão e a piedade do Cordeiro. Uma promessa de paz desabrochava para todas as coisas com o vosso aparecimento sobre o mundo. Estabelecera-se um noivado meigo entre a Terra e o Céu e recordo-me do júbilo com que Vossa Mãe vos recebeu nos seus braços feitos de amor e de misericórdia. Dir-se-ia, Mestre, que as estrelas de ouro do paraíso fabricaram, naquela noite de aromas e de radiosidades indefiníveis um mel divino no coração piedoso de Maria!...
Retrocedendo no tempo, meu Senhor bem-amado, vejo o transcurso da vossa infância, sentindo o martírio de que fostes objeto; o extermínio das crianças de Vossa idade, a fuga nos braços carinhosos da Vossa progenitora, os trabalhos manuais em companhia de José, as vossas visões maravilhosas no Infinito, em comunhão constante com o Vosso e nosso Pai, preparando-Vos para o desempenho da missão única que Vos fez abandonar por alguns momentos os palácios de sol da mansão celestial para descer sobre as lamas da Terra.
- Sim, meu João, e, por falar nos meus deveres, como seguem no mundo as coisas atinentes à minha doutrina?
- Vão mal, meu Senhor. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, efetuado para combater o cisma de Ario em 325, as vossas verdades são deturpadas. Ao arianismo seguiu-se o movimento dos iconoclastas em 787 e tanto contrariaram os homens o Vosso ensinamento de pureza e de simplicidade, que eles próprios nunca mais se entenderam na interpretação dos textos evangélicos.
- Mas não te recordas, João, que a minha doutrina era sempre acessível a todos os entendimentos? Deixei aos homens a lição do caminho, da verdade e da vida sem lhes haver escrito uma só palavra.
- Tudo isso é verdade, Senhor, mas logo que regressastes aos vossos impérios resplandecentes, reconhecemos a necessidade de legar à posteridade os vossos ensinamentos. Os evangelhos constituem a vossa biografia na Terra; contudo, os homens não dispensam, em suas atividades, o véu da matéria e do símbolo. A todas as coisas puras da espiritualidade adicionam a extravagância de suas concepções. Nem nós e nem os evangelhos poderíamos escapar. Em diversas basílicas de Rávena e de Roma, Mateus é representado por um jo0vem, Marcos por um leão, Lucas por um touro e eu, Senhor, estou ali sob o símbolo estranho de uma águia.
- E os meus representante, João, que fazem eles?
- Mestre, envergonho-me de o dizer. Andam quase todos mergulhados nos interesses da vida material. Em sua maioria, aproveitam-se das oportunidades para explorar o vosso nome e, quando se voltam para o campo religioso, é quase que apenas para se condenarem uns aos outros, esquecendo-se de que lhes ensinastes a se amarem como irmãos.
- As discussões e os símbolos, meu querido – disse-lhe suavemente o Mestre – não me impressionam tanto. Tiveste, como eu, necessidade destes últimos, para as predicações e, sobre a luta das idéias, não te lembras quanta autoridade fui obrigado a despender, mesmo depois da minha volta da Terra, para que Pedro e Paulo não se tornassem inimigos? Se entre meus apóstolos prevaleciam semelhantes desuniões, como poderíamos eliminá-las do ambiente dos homens, que não me viram, sempre inquietos nas suas indagações? ... O que me contrista é o apego dos meus missionários aos prazeres fugitivos do mundo!
- É verdade, Senhor.
- Qual o núcleo de minha doutrina que detém no momento maior força de expressão?
- É o departamento dos bispos romanos, que se recolheram dentro de uma organização admirável pela sua disciplina, mas altamente perniciosa pelos seus desvios da verdade. O Vaticano, Senhor, que não conheceis, é um amontoado suntuoso das riquezas das traças e dos vermes da Terra. Dos seus palácios confortáveis e maravilhosos irradia-se todo um movimento de escravização das consciências. Enquanto vós não tínheis uma pedra onde repousar a cabeça, dolorida os vossos representantes dormem a sua sesta sobre almofadas de veludo e de ouro; enquanto trazíeis os vossos pés macerados nas pedras do caminho escabroso, quem se inculca como vosso embaixador traz a vossa imagem nas sandálias matizadas de pérolas e de brilhantes. E junto de semelhantes superfluidades e absurdos, surpreendemos os pobres chorando de cansaço e de fome; ao lado do luxo nababesco das
basílicas suntuosas, erigidas no mundo como um insulto à glória da vossa humildade e do vosso amor, choram as crianças desamparadas, os mesmos pequeninos a quem estendíeis os vossos braços compassivos e misericordiosos. Enquanto sobram as lágrimas e os soluços entre os infortunados, nos templos, onde se cultua a vossa memória, transbordam moedas em mãos cheias, parecendo, com amarga ironia, que o dinheiro é uma defecação do demônio no chão acolhedor da vossa casa.
- Então, meu Discípulo, não poderemos alimentar nenhuma esperança?
- Infelizmente, Senhor, é preciso que nos desenganemos. Por um estranho contraste, há mais ateus benquistos no Céu do que aqueles religiosos que falavam em vosso nome na Terra.
- Entretanto – sussurraram os lábios divinos docemente – consagro o mesmo amor à humanidade sofredora. Não obstante a negativa dos filósofos, as ousadias da ciência, o apodo dos ingratos, a minha piedade é inalterável... Que sugeres, meu João, para solucionar tão amargo problema?
- Já não dissestes, um dia, Mestre, que cada qual tomasse a sua cruz e vos seguisse?
- Mas prometi ao mundo um Consolador em tempo oportuno!...
E os olhos claros e límpidos, postos na visão piedosa do amor de seu Pai Celestial, Jesus exclamou:
- Se os vivos nos traíram, meu Discípulo Bem-amado, se traficam com o objeto sagrado davossa casa, profligando a fraternidade e o amor, mandarei que os mortos falem na Terra em meu nome. Deste Natal em diante, meu João, descerrarás mais um fragmento dos véus misteriosos que cobrem a noite triste dos túmulos para que a verdade ressurja das mansões silenciosas da Morte. Os que já voltaram pelos caminhos ermos da sepultura retornarão à Terra para difundirem a minha mensagem, levando aos que sofrem, coma esperança posta no Céu as claridades benditas do meu amor!...
E desde essa hora memorável, há mais de cinquenta anos, o Espiritismo veio, com as suas lições prestigiosas, felicitar e amparar na Terra a todas as criaturas.








domingo, 10 de novembro de 2019

TEMA: JESUS


CEEB 11/11/2019
TURMA: JOANA DE ÂNGELIS – 3º CICLO - SEGUNDA À NOITE
TEMA: JESUS
ASSUNTO: O LIVRO NO ROTEIRO DE JESUS
Objetivo: ABORDAR FATOS VIVENCIADOS PELO CRISTO NO FINAL DE SUA VIDA NA TERRA
PÁGINA DE ABERTURA:
PRECE INICIAL.

DESENVOLVIMENTO DA AULA:
Dividir a turma em três a quatro grupos cada um com uma com um conto, do livro NO ROTEIRO DE JESUS. A ideia é fazermos uma contação de histórias, cada grupo se apesenta contando a história e ao final faz-se o resgate refletindo sobre o tipo de ensinamento cada situação reflete.
PERGUNTAS PARA CADA GRUPO RESPONDER:
O que significa o ensinamento de Jesus, especialmente no final de sua vida na Terra?
Entendemos que os ensinamentos de Jesus, apesar do tempo, são atuais como estamos e como podemos na prática no nosso dia a dia? Vamos dar exemplo, de acordo com a historia, de nós mesmos, e de  nossas dificuldades no dia a dia.

PRECE FINAL

ANEXOS:





34- O caminho do reino
Na tosca residência de Arão, o curtidor, dizia Jesus a Zacarias, dono de extensos vinhedos em Jerico: — O reino de Deus será, por fim, a vitória do bem, no domínio dos homens!... O Sol cobrirá o mundo por manto de alegria luminosa, guardando a paz triunfante. Os filhos de todos os povos andarão vinculados uns aos outros, através do apoio mútuo. As guerras terão 89 desaparecido, arredadas da memória, quais pesadelos que o dia relega aos precipícios da noite!... Ninguém se lembrará de exigir o supérfluo e nem se esquecerá de prover os semelhantes do necessário, quando o necessário se lhes faça preciso. A seara de um lavrador produzirá o bastante para o lavrador que não conseguiu as oportunidades da sementeira, e o teto de um irmão erguer-se-á igualmente como refúgio do peregrino sequioso de afeto, sem que a idéia do mal lhes visite a cabeça... A viuvez e a orfandade nunca mais derramarão sequer ligeira lágrima de sofrimento, porquanto a morte nada mais será que antecâmara da união no amor perpétuo que clareia o sem-fim. Os enfermos, por mais aparentemente desvalidos, acharão leito repousante, e as moléstias do corpo deixarão de ser monstros que espreitam a moradia terrestre para significarem simplesmente notícias breves das leis naturais no arcabouço das formas. O trabalho não será motivo de cativeiro, e sim privilégio sagrado da inteligência. A felicidade e o poder não marcarão o lugar dos que retenham ouro e púrpura, mas o coração daqueles que mais se empenham no doce contentamento de entender e servir. O lar não se erigirá em cadinho de provação, porque brilhará incessantemente por ninho de bênçãos, em cujo aconchego palpitarão as almas felizes que se encontram para bendizer a confiança e a ternura sem mácula. O homem sentir--se-á responsável pela tranqüilidade comum, nos moldes da reta consciência, transfigurando a ação edificante em norma de cada dia; a mulher será respeitada, na condição de mãe e companheira, a que devemos, originariamente, todas as esperanças e regozijes que desabrocham na Terra, e as crianças serão consideradas por depósitos de Deus!... A dor de alguém será repartida, qual transitória sombra entre todos, tanto quanto o júbilo de alguém se espalhará, na senda de todos, recordando a beleza do clarão estelar... A inveja e o egoísmo não mais subsistirão, visto que ninguém desejará para os outros aquilo que não aguarda em favor de si mesmo! Fontes deslizarão entre jardins, e frutos substanciosos penderão nas estradas, oferecendo-se à fome do viajor, sem pedir-lhe nada mais que uma prece de gratidão à bondade do Pai, de vez que todas as criaturas alentarão consigo o anseio de construir o Céu na Terra que o Todo-Misericordioso lhes entregou!...
Deteve-se Jesus contemplando a turba que o aplaudia, frenética, minutos depois da sua entrada em Jerusalém para as celebrações da Páscoa, e, notando que os israelitas se diferençavam entre si, a revelarem particularidades das regiões diversas de que procediam, acentuou: —Quando atingirmos, coletivamente, o reino dos céus, ninguém mais nascerá sob qualquer sinal de separação ou discórdia, porque a humanidade se regerá pelos ideais e interesses de um mundo só!...
Enlevado, Zacarias fitou-o com ansiosa expectação e ponderou com respeito: —Senhor, vim de Jerico para o culto às tradições de nossos antepassados; todavia, acima de tudo, aspirava a encontrar-te e ouvir-te... Envelheci, arando a gleba e sonhando com a paz!... Tenho vivido nos princípios de Moisés; no entanto, do fundo de minha alma, quero chegar ao reino de Deus do qual te fazes mensageiro nos tempos novos!... Mestre! Mestre!... Para buscar-te, percorri a trilha de minha estância até aqui, passo a passo... De vila em vila, de casa em casa, um caminho existe, claro, determinado... —Qual é, porém, Senhor, o caminho para o reino de Deus? —A estrada para o reino de Deus é uma longa subida... — começou Jesus, explicando. Eis, contudo, que filas de manifestantes penetraram o recinto, interrompendo-lhe a frase e arrebatando-o à praça fronteiriça, recoberta de flores. ...... Zacarias, em êxtase, demandou o sítio de parentes, no vale de Hinom, demorando-se por dois dias em comentários entusiastas, ao redor das promessas e ensinos do Cristo, mas, de retorno à cidade, não surpreende outro quadro que não seja a multidão desvairada e agressiva... Não mais a glorificação, não mais a festa. Diante do ajuntamento, o Mestre, em pessoa, não mais querido. Aqueles mesmos que o haviam honorificado em cânticos de louvor apupavam-no agora com requintes de injúria. O velho de Jerico, transido de espanto, viu que o amado Amigo, cambaleante e suarento, arrastava a cruz dos malfeitores... Ansiou abraçá-lo e esgueirou-se dificilmente, suportando empuxões e zombarias do populacho... Rente ao madeiro, notou que um grupo de mulheres chorosas obrigava o Mestre a parada imprevista e, antecedendo-se--Ihes à palavra,  ajoelhou-se diante dele e clamou: —Senhor!... Senhor!... Jesus retirou do lenho a destra ferida, afagou-lhe, por instantes, os cabelos que o tempo alvejara, lembrando o linho quando a estriga descansa junto da roca, e falou humilde: —Sim, Zacarias, os que quiserem alcançar o reino de Deus subirão ladeira escabrosa... Em seguida, denotou a atenção de quem escutava os insultos que lhe eram endereçados... Finda a pausa ligeira, apontou para o amigo, com um gesto, a poeira e o pedregulho que se avantajavam à frente e, como a recordar-lhe a pergunta que deixara sem resposta, afirmou com voz firme: —Para a conquista do reino de Deus, este é o caminho... (Mensagem extraída do livro Cartas e crônicas, cap. 5.)




36- A última tentação
Dizem que Jesus, na hora extrema, começou a procurar os discípulos, no seio da agitada multidão que lhe cercava o madeiro, em busca de algum olhar amigo em que pudesse reconfortar o espírito atribulado... Contemplou, em silêncio, a turba enfurecida. Fustigado pelas vibrações de ódio e crueldade, qual se devera morrer, sedento e em chagas, sob um montão de espinhos, começou a lembrar os afeiçoados e seguidores da véspera... Onde estariam seus laços amorosos da Galileia?... Recordou o primeiro contato com os pescadores do lago e chorou. A saudade amargurava-lhe o coração. Por que motivo Simão Pedro fora tão frágil? que fizera Ele, Jesus, para merecer a negação do companheiro a quem mais se confiara? Que razões teriam levado Judas a esquecê-lo? Como entregara, assim, ao preço de míseras moedas, o coração que o amava tanto? Onde se refugiara Tiago, em cuja presença tanto se comprazia? Sentiu profunda saudade de Filipe e Bartolomeu, e desejou escutá-los. Rememorou suas conversações com Mateus e refletiu quão doce lhe seria poder abraçar o inteligente funcionário de Cafarnaum, de encontro ao peito... De reminiscência a reminiscência, teve fome da ternura e da confiança das criancinhas galileias que lhe ouviam a palavra, deslumbradas e felizes, mas os meninos simples e humildes que o amavam perdiam-se, agora, a distância... Recordou Zebedeu e suspirou por acolher-se-lhe à casa singela. João, o amigo abnegado, achava-se ali mesmo, em terrível desapontamento, mas precisava socorro para sustentar Maria, a angustiada Mãe, ao pé da cruz. O Mestre desejava alguém que o ajudasse, de perto, em cujo carinho conseguisse encontrar um apoio e uma esperança... Foi quando viu levantar-se, dentre a multidão desvairada e cega, alguém que ele, de pronto, reconheceu. Era o mesmo Espírito perverso que o tentara no deserto, no pináculo do 95 templo e no cimo do monte. O Gênio da Sombra, de rosto enigmático, abeirou-se dele e murmurou: —Amaldiçoa os teus amigos ingratos e dar-te-ei o reino do mundo! Proclama a fraqueza dos teus irmãos de ideal, a fim de que a justiça te reconheça a grandeza angélica e descerás, triunfante, da cruz!... Dize que os teus amigos são covardes e duros, impassíveis e traidores e unir-te-ei aos poderosos da Terra para que domines todas as consciências. Tu sabes que, diante de Deus, eles não passam de míseros desertores... Jesus escutou, com expressiva mudez, mas o pranto manou-lhe mais intensamente do olhar translúcido. —Sim — pensava —, Pedro negara-o, mas não por maldade. A fragilidade do Apóstolo podia ser comparada à ternura de uma oliveira nascente que, com os dias, se transforma no tronco robusto e nobre, a desafiar a implacável visita dos anos. Judas entregara-o, mas não por má-fé. Iludira-se com a política farisaica e julgara poder substituí-lo com vantagem nos negócios do povo. Encontrou, no imo d'alma, a necessária justificação para todos e parecia esforçar-se por dizer o que lhe subia do coração. Ansioso, o Espírito das Trevas aguardava-lhe a pronúncia, mas o Cordeiro de Deus, fixando os olhos no céu inflamado de luz, rogou em tom inesquecível: —Perdoa-lhes, Pai! Eles não sabem o que fazem!... O Príncipe das Sombras retirou-se apressado. Nesse instante, porém, em vez de deter-se na contemplação de Jerusalém dominada de impiedade e loucura, o Senhor notou que o firmamento rasgara-se, de alto a baixo, e viu que os anjos iam e vinham, tecendo de estrelas e flores o caminho que o conduziria ao trono celeste. Uma paz indefinível e soberana estampara-se-lhe no semblante. O Mestre vencera a última tentação e seguiria, agora, radiante e vitorioso, para a claridade sublime da ressurreição eterna. (Mensagem extraída do livro Contos e apólogos, cap. 26.)





















37 - Servir mais
Efraim ben Assef, caudilho de Israel contra o poderio romano, viera a Jerusalém para levantar as forças da resistência, e, informado de que Jesus, o Profeta, fora recebido festivamente na cidade, resolveu procurá-lo, na casa de Obede, o guardador de cabras, a fim de ouvi-lo. Mestre — falou o guerreiro —, não te procuro como quem desconhece a Justiça de Deus, que corrige os erros do mundo, todos os dias... Tenho necessidade de instrução para a minha conduta pessoal no auxílio do povo. Como agir, quando o orgulho dos outros se agiganta e nos entrava o caminho?... quando a vaidade ostenta o poder e multiplica as lágrimas de quem chora? —É preciso ser mais humilde e servir mais — respondeu o Senhor, fixando nele o olhar translúcido. —Mas... e quando a maldade se ergue, espreitando--nos à porta? que fazer, quando os ímpios nos caluniam à feição de verdugos?
E Jesus: —É preciso mais amor e servir mais.
—Senhor, e a palavra feroz? que medidas tomar para coibi-la? como proceder, quando a boca do ofensor cospe fogo de violência, qual nuvem de tempestade, arremessando raios de morte?
—É preciso mais brandura e servir mais.
—E diante dos golpes? Há criaturas que se esmeram na crueldade, ferindo-nos até o sangue... De que modo conduzir nosso passo à frente dos que nos perseguem sem motivo e odeiam sem razão?
—É preciso mais paciência e servir mais.
—E a pilhagem, Senhor? Que diretrizes buscar perante aqueles que furtam desapiedados e poderosos, assegurando a própria impunidade à custa do ouro que ajuntam sobre o pranto dos semelhantes?
—É preciso mais renúncia e servir mais.
—E os  assassinos?  Que  comportamento  adotar junto daqueles que incendeiam campos e lares, exterminando mulheres e crianças?
—É preciso mais perdão e servir mais.
Exasperado por não encontrar alicerces ao revide político que aspirava a empreender em mais larga escala, indagou Efraim: —Mestre, que pretendes dizer por "servir mais"? Jesus afagou uma das crianças que o procuravam e replicou, sem afetação:
—Convencidos de que a Justiça de Deus está regendo a vida, a nossa obrigação, no mundo íntimo, é viver retamente na prática do bem, com a certeza de que a Lei cuidará de todos. Não temos, desse modo, outro caminho mais alto senão servir ao bem dos semelhantes, sempre mais... O chefe israelita, manifestando imenso desprezo, abandonou a pequena sala, sem despedir-se.
Decorridos dois dias, quando os esbirros do Sinédrio chegaram, em companhia de Judas, para deter o Messias, Efraim ben Assef estava à frente. E, sorrindo, ao algemar-lhe o pulso, qual se prendesse temível salteador, perguntou sarcástico:
—Não reages, galileu?
Mas o Cristo pousou nele, de novo, o olhar tranqüilo e disse apenas:
—É preciso compreender e servir mais.
(Mensagem extraída do livro Contos desta e doutra vida, cap. 7.)


















39- A escrava do Senhor
Quando João, o discípulo amado, veio ter com Maria, anunciando-lhe a detenção do Mestre, o coração materno, consternado, recolheu-se ao santuário da prece e rogou ao Senhor supremo poupasse o filho querido. Não era Jesus o Embaixador divino? Não recebera a notificação dos anjos quanto à sua condição celeste?... Seu filho amado nascera para a salvação dos oprimidos... Ilustraria o nome de Israel, seria o rei diferente, cheio de amoroso poder. Curava leprosos, levantava paralíticos sem esperança. A ressurreição de Lázaro, já sepultado, não bastaria para elevá-lo ao cume da glorificação?
E Maria confiou ao Deus de Misericórdia suas preocupações e súplicas, esperando-lhe a providência; entretanto, João voltou em horas breves, para dizer-lhe que o Messias fora encarcerado.
A Mãe santíssima regressou à oração em silêncio. Em pranto, implorou o favor do Pai celestial. Confiaria nele. Desejava enfrentar a situação, desassombradamente, procurando as autoridades de Jerusalém. Mas humilde e pobre, que conseguiria dos poderosos da Terra? E, acaso, não contava com a proteção do Céu? Certamente, o Deus de bondade infinita, que seu filho revelara ao mundo, salvá-lo-ia da prisão, restituí-lo-ia à liberdade. Maria manteve-se vigilante. Afastando-se da casa modesta a que se recolhera, ganhou a rua e intentou penetrar o cárcere; todavia, não conseguiu comover o coração dos guardas.
Noite alta, velava, súplice, entre a angústia e a confiança.
Mais tarde, João voltou, comunicando-lhe as novas dificuldades surgidas. O Mestre fora acusado pelos sacerdotes. Estava sozinho. E Pilatos, o administrador romano, hesitando entre os dispositivos da lei e as exigências do povo, enviara o Mestre à consideração de Herodes. Maria não pôde conter-se. Segui-lo-ia de perto. Resoluta, abrigou-se num manto discreto e tornou à via pública, multiplicando as rogativas ao Céu, em sua maternal aflição. Naturalmente, Deus modificaria os acontecimentos, tocando a alma de Antipas. Não duvidaria um instante. Que fizera seu filho para receber afrontas? Não reverenciava a lei? Não espalhava sublimes consolações? Amparada pela convertida de Magdala, alcançou as vizinhanças do palácio do tetrarca. Oh! infinita amargura! Jesus fora vestido com uma túnica de ironia e ostentava, nas mãos, uma cana suja à maneira de cetro e, como se isso não bastasse, fora também coroado de espinhos!... Ela quis aproximar-se a fim de libertar-lhe a fronte sangrenta e arrebatá-lo da situação dolorosa, mas o filho, sereno e resignado, endereçou-lhe o olhar mais significativo de toda a existência.
Compreendeu que Ele a induzia à oração e, em silêncio, lhe pedia confiança no Pai. Conteve-se, mas o seguiu em pranto, rogando a intervenção divina. Impossível que o Pai não se manifestasse. Não era seu filho o escolhido para a salvação? Não era Ele a luz de Israel, o sublime Revelador? Lembrou-lhe a infância, amparada pelos anjos... Guardava a impressão de que a Estrela Brilhante, que lhe anunciara o nascimento, ainda resplandecia no alto!...
A multidão estacou, de súbito. Interrompera-se a marcha para que o governador romano se pronunciasse em definitivo. Maria confiava. Quem sabe chegara o instante da ordem de Deus? O supremo Senhor poderia inspirar diretamente o juiz da causa.
Após ansiedades longas, Pôncio Pilatos, num esforço extremo para salvar o acusado, convidou a turba farisaica a escolher entre Jesus, o divino Benfeitor, e Barrabás, o bandido. O coração materno asilou esperanças mais fortes. O povo ia falar e o povo devia muitas bênçãos ao seu filho querido. Como equiparar o Mensageiro do Pai ao malfeitor cruel que todos conheciam? A multidão, porém, manifestou-se, pedindo a liberdade para Barrabás e a crucificação para Jesus. Oh! — pensou a mãe atormentada — onde está o Eterno que não me ouve as orações? Onde permanecem os anjos que me falavam em luminosas promessas?
Em copioso pranto, viu seu filho vergado ao peso da cruz. Ele caminhava com dificuldade, corpo trêmulo pelas vergastadas recebidas e, obedecendo ao instinto natural, Maria avançou para oferecer-lhe auxílio. Contiveram-na, todavia, os soldados que rodeavam o Condenado divino.
Angustiada, recordou-se repentinamente de Abraão. O generoso patriarca, noutro tempo, movido pela voz de Deus, conduzira o filho amado ao sacrifício. Seguira Isaque inocente, dilacerado de dor, atendendo a recomendação de Jeová, mas eis que, no instante derradeiro, o Senhor determinou o contrário, e o pai de Israel regressara ao santuário doméstico em soberano triunfo. Certamente, o Deus compassivo escutava--Ihe as súplicas e reservavalhe júbilo igual. Jesus desceria do Calvário, vitorioso, para o seu amor, continuando no aposto-lado da redenção; no entanto, dolorosamente surpreendida, viu-o içado no madeiro, entre ladrões.
Oh! a terrível angústia daquela hora!... Por que não a ouvira o poderoso Pai? Que fizera para não lhe merecer a bênção? Desalentada, ferida, ouvia a voz do filho, recomendando-a aos cuidados de João, o companheiro fiel. Registrou-lhe, humilhada, as palavras derradeiras. Mas quando a sublime cabeça pendeu inerte, Maria recordou a visita do anjo, antes do Natal divino. Em retrospecto maravilhoso, escutou-lhe a saudação celestial. Misteriosa força assenhoreava-se-lhe do espírito. Sim... Jesus era seu filho, todavia, antes de tudo, era o Mensageiro de Deus. Ela possuía desejos humanos, mas o supremo Senhor guardava eternos e insondáveis desígnios. O carinho materno poderia sofrer; contudo, a Vontade celeste regozijava-se. Poderia haver lágrimas em seus olhos, mas brilhariam festas de vitória no reino de Deus. Suplicara aparentemente em vão, porquanto, certo, o Todo-Poderoso atendera-lhe os rogos, não segundo os seus anseios de mãe, e sim de acordo com os seus planos divinos!... Foi então que Maria, compreendendo a perfeição, a misericórdia e justiça da vontade do Pai, ajoelhou-se aos pés da cruz e, contemplando o filho morto, repetiu as inesquecíveis afirmações:
— Senhor, eis aqui a tua serva! Cumpra-se em mim, segundo a tua palavra!
(Mensagem extraída do livro Lázaro redivivo, cap. 2.)



Espirito protetor.

 

Ama