CEEB 18/11/2019
TURMA: JOANA DE ÂNGELIS – 3º
CICLO - SEGUNDA À NOITE
TEMA: O LIVRO NO
ROTEIRO DE JESUS 4ª PARTE
ASSUNTO: JESUS AGINDO APÓS A SUA VOLTA AO MUNDO
ESPIRITUAL
Objetivo: Refletir sobre Jesus e seu
trabalho iluminativo de amor por todos nós, em todos os tempos,
encarnado e desencarnado.
PÁGINA DE ABERTURA:
PRECE
INICIAL.
DESENVOLVIMENTO
DA AULA:
A
ideia é que possamos apresentar três textos para reflexão da turma.
Cada
evangelizador fará a leitura de um texto. Após perguntamos que sentimento
podemos identificar naquela leitura?
Na
sequência as crianças terão dois minutos para formularem as perguntas refentes
a cada texto.
As
perguntas serão guardadas e ao final da leitura dos textos, seraõ sorteadas
entre os envagelizandos para que uns façam perguntas aos outros.
Finalizar
a aula pedindo que a turma ouça a música UM CERTO GALILEU. Pedir que a turma se
concentre para conseguir imaginar cada situação apresentada na canção, ou seja,
tentar se sentir aqueles que estiveram ao lado de Jesus qdo aqui esteve.
Após
a canção, comentar que a música foi escolhida com o propósito de ressaltar a
tolerância entre cristão, como Jesus espera. (A música é católica).
Fechar
a reflexão falando que embora tenhamos matado o corpo de Jesus, Ele continua
mais vivo do que nunca, conforme verificamos nos textos lidos, e espera de nós
que possamos cumprir A Ordem do Mestre,
não só no Natal, mas todos os dias das nossas vidas.
Prece
final.
ANEXOS
E SUBSÍDIOS:
Por
que, Senhor?
1 …
E Nicodemos, o grande Nicodemos dos dias primeiros do Evangelho, passou a
contar-nos:
—
Depois da aparição do Senhor aos quinhentos da Galileia, certo dia, ao
entardecer, detive-me à beira do lago de suas pregações, rogando a Ele me
dissipasse as dúvidas. Ante os ensinamentos divinos, eu experimentava o
entrechoque em torno das ideias de justiça e misericórdia, responsabilidade e
perdão… De que maneira conciliar o bem e o mal? como estabelecer a diferença
entra o prêmio e castigo? Atormentado, perante as exigências da Lei de que eu
era intérprete, supliquei-lhe a palavra e eis que, de súbito, o Excelso
Benfeitor apareceu junto de mim… Prostrei-me na areia e Jesus, aproximando-se,
tocou-me, de leve, a cabeça fatigada, e inquiriu:
2 —
Nicodemos, que pretendes de mim?
—
Senhor — expliquei —, tenho o pensamento em fogo, tentando discernir sobre
retidão e delinquência, bondade e correção… Porque te banqueteaste com
pecadores e tanta vez te referiste, quase rudemente, aos fariseus, leais
seguidores de Moisés? Acaso, estão certas as pessoas de vida impura, e erradas
aquelas outras que se mostram fiéis à Lei?
3 Jesus
respondeu com inflexão de brandura inesquecível:
—
Nunca disse que os pecadores estão no caminho justo, mas afirmei que não vim ao
mundo socorrer os sãos, e sim os enfermos. Quanto aos princípios de santidade,
que dizer dos bons que detestam os maus, dos felizes que desprezam os
infelizes, se todos somos filhos de Deus? de que serve o tesouro enterrado ou o
livro escondido no deserto?
4 —
Messias — prosseguiu —, porque dispensaste tanta atenção a Zaqueu, o rico, a
ponto de lhe compartilhares a mesa, sem visitar os lares pobres que lhe
circundam a moradia?
—
Estive com a multidão, desde as notícias iniciais do novo Reino!… Relativamente
a Zaqueu, é ele um rico que desejava instruir-se, e furtar a lição, àqueles
amigos a quem o mundo apelida de avaros, é o mesmo que recusar remédio ao
doente…
5 —
E as meretrizes, Senhor? porque as defendeste?
—
Nicodemos, na hora do Juízo Divino, muitas dessas mesmas desventuradas
mulheres, que censuras, ressurgirão do lodo da angústia, limpas e brilhantes,
lavadas pelo pranto e pelo suor que derramaram, enquanto que aparecerão pejados
de sombra e lama aqueles que lhes prostituíram a existência, depois de lhes
abusarem da confiança, lançando-as à condenação e à enfermidade.
6 —
Senhor, ouvi dizer que deste a Pedro o papel de condutor dos teus discípulos…
Porquê? não é ele o colaborador que te negou três vezes?!…
—
Exatamente por isso… Na dor do remorso pelas próprias fraquezas, Simão ganhará
mais força para ser fiel… Mais que os outros companheiros, ele sabe agora
quanto custa o sofrimento da deserção…
7 —
Mestre, e os ladrões do último dia? porque te deixaste imolar entre dois
malfeitores? e porque asseguraste a um deles o ingresso no paraíso, junto de
ti?
—
Como podes julgar apressadamente a tragédia de criaturas cuja história não
conheces desde o princípio? Não acoberto os que praticam o mal; no entanto, é
preciso saber até que ponto terá alguém resistido à tentação e ao infortúnio
para que se lhe meça o tamanho da falta… Há famintos que se transformam em
vítimas do próprio desequilíbrio e há empreiteiros da fome que responderão pela
crueldade com que sonegam o pão… Com referência ao amigo a quem prometi a
entrada imediata na Vida Superior, é verdade que assim o fiz, mas não disse
para quê… Ele realmente foi conduzido ao Mundo Maior para ser reeducado e
atendido em suas necessidades de erguimento e transformação!…
8 —
Senhor — insisti —, e a responsabilidade com que nos cabe tratar da justiça?
porque pediste perdão ao Todo-Poderoso para os próprios carrascos, quando
dependurado na cruz do martírio, inocentando os que te espancavam?
—
Não anulei a responsabilidade em tempo algum… Roguei, algemado à cruz: ( † ) “Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem…” Com isso, não asseverei que os
nossos adversários gratuitos estivessem fazendo o que deviam fazer… Esclareci,
tão só, que eles não sabiam o que estavam fazendo e, por isso mesmo, se
revelavam dignos da maior compaixão!…
9 Ante
as palavras do Senhor — concluiu o antigo mestre de Israel —, as lágrimas me
subiram das entranhas da alma para os olhos… Nada mais vi que não fosse o véu
diáfano do pranto, a refletir as sombras que anunciavam a noite… Ainda assim,
ouvi, como se o Senhor me falasse longe, muito de longe:
—
Misericórdia quero, não sacrifício… ( † )
10 Nesse
ponto da narrativa, Nicodemos calou-se. A emoção sufocara a voz do grande
instrutor, cuja presença nos honrava a mansão espiritual. E, quanto a nós,
velhos julgadores do mundo, que o ouvíramos atentos, entramos todos em
meditação e silêncio, de vez que ninguém apareceu em nossa tertúlia íntima com
bastante disposição para acrescentar palavra.
.Irmão
X
(.Humberto
de Campos)
22 -
O SEMEADOR INCOMPLETO
Conta-se
que existiu um cristão inteligente e sincero, de convicções forte e maneiras francas,
que, onde estivesse, atento às letras evangélicas, não deixava de semear a
palavra do Senhor.
Excelente
conversador, ocupava a tribuna com êxito invariável. As imagens felizes
fluíamlhe dos lábios quais arabescos maravilhosos de som. Ensinava sempre,
conduzia com lógica, aconselhava com acerto, espalhava tesouros verbais. No
entanto, reconhecia-se incompreendido de toda gente.
Em
verdade, no fundo, exaltava o amor; todavia, acima de tudo, queria ser amado.
Salientava
os benefícios da cooperação; contudo, estimava a colaboração alheia, sentindose
diminuído quando as situações lhe reclamavam concurso fraterno. Sorria,
contente, ao receber o titulo de orientador; entretanto, dificilmente sabia
utilizar o titulo de irmão.
Habituara-se,
por isso, ao patriarcado absorvente criado pelos homens na imitação do patriarcado
libertador de Deus.
Com
a passagem do tempo, todavia, suas palavras perderam o brilho. Faltava-lhe a claridade
interior que somente a integração com Jesus pode proporcionar.
Servo
caprichoso e rígido, insulou-se no estudo das letras sagradas e buscou
situar-se nos símbolos da Boa Nova, descobrindo para ele mesmo a posição do
semeador incompreendido.
As estações correram sucessivas e a luz de
cada dia encontrou-o sempre sozinho e distante...
Dizia-se
enfastiado das criaturas. Semeara entre elas, afirmava triste, as melhores
noções da vida, recebendo, em troca, a ingratidão e o abandono. Sentia-se
ausente de sua época, desajustado entre os companheiros e descrente do mundo. E
porque não desejava contrariar a si mesmo, retirara-se das atividades sociais,
a fim de aguardar a morte.
Efetivamente,
o anjo libertador, decorrido algum tempo, veio subtraí-lo ao corpo físico.
Estranho,
agora, durante muitos anos. Mantinha-se apagada a lâmpada de seu coração.
Não
possuía suficiente luz para identificar os caminhos novos ou para ser visto
pelos emissários celestes.
O
inteligente instrutor, por fim, valeu-se da prece. Afinal, fora sincero em seus
pontos de vista e leal a si próprio. E tanto movimentou os recursos da oração
que o Senhor, ouvindolhe as suplicas bem urdidas, desceu em pessoa aos círculos
penumbrosos.
Sentindo-se
agraciado, o infeliz alinhou frases preciosas que Jesus anotava em silencio.
Depois de longa exposição verbal do aprendiz,
perguntou o Mestre, amável:
- Que missão desempenhaste entre os homens?
O interpelado fixou o gesto de quem sofre o
golpe da injustiça e esclareceu:
- Senhor, minha tarefa foi semelhante à
daquele semeador de tua parábola. Gastei varias dezenas de anos, espalhando
tuas lições na Terra. No entanto, não fui bem-sucedido no ministério. As
sementes que espargi a mancheias sempre caíram em terra sáfara. Quando não eram
eliminadas pelas pedras do orgulho, apareciam monstros da vaidade,
destruindoas, surgiam espinhos da insensatez sufocando-as, crescia o lodo do
mal, anulando-me o serviço. Nunca fugi ao esforço de oferecer teus ensinamentos
com abundância. Atirei-os aos quatro cantos do mundo, através da tribuna
privada ou da praça livre. Todavia, meu salário tem sido o pessimismo e a derrota...
Jesus
fitava-o, condoído. E porque os lábios divinos nada respondessem, o aprendiz acentuou:
- Portanto, é imperioso reconhecer que te
observei as advertências... Fui sincero contigo e fiel a mim mesmo...
Verificando-se novo intervalo, disse o Senhor
com imperturbável serenidade:
- Se atiraste tantas semente a esmo, que
fazias do solo? Acreditas que o Supremo Criador conferiu eternidade ao pântano
e ao espinheiro? Que dizer do lavrador que planta desordenadamente, que não
retira as pedras do campo, nem socorre o brejo infeliz? É fácil espalhar
sementes porque os principais sublimes da vida procedem originariamente da Providencia
Divina. A preparação do solo, porém, exige cooperação direta do servo disposto a
contribuir com o próprio suor. Que fizeste em favor dos corações que
converteste em terra de tua semeadura? Esperavas, acaso que o logo lodacento te
procurasse as mãos para ser drenado, que as pedras te rogassem remoção, que os
carrascais te pedissem corrigenda?
Permaneceria
a sementeira fora do plano educativo estabelecido pelo Pai Eterno para o Universo
inteiro?
Ante nova pausa que se fizera, o crente,
desapontado, objetou:
- Contudo, tua parábola não se refere aos
nossos deveres para com o solo...
- Oh! – tornou Jesus, complacente – estará o
mestre obrigado a resolver os problemas dos discípulos? Não me reportei a Vinha
do Mundo, à charrua do esforço, ao trigo da verdade e ao joio da mentira? Não
expliquei que o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se transformou
em servo de todos? Não comentei, muitas vezes, as necessidades do serviço?
O ex-instrutor silenciou em pranto convulso.
O Senhor, todavia, afagou-lhe pacientemente a
fronte e recomendou:
- Volta, meu amigo, ao campo do trabalho
terrestre e não te esqueças do solo, antes de semear. Cada coração respira em
clima diferente. Enquanto muitos permanecem na zona fria da ignorância outros
se demoram na esfera tórrida das paixões desvairadas. Volta e vive com eles,
amparando a cada um, segundo as suas necessidades. Aduba a sementeira do bem,
de conformidade com as exigências de cada região. Esse ministério abençoado reclama
renuncia e sacrifício. Atendendo aos outros, ajustarás a ti mesmo. Por enquanto,
és apenas o semeador incompleto. Espargiste as sementes, mas não consultaste as
necessidade de chão. Cada gleba tem as suas dificuldades, os seus problemas e
percalços diversos. Vai e, antes de tudo, distribuí o adubo da fraternidade e
do entendimento.
Nesse
instante, o ex-pregador da verdade sentiu-se impelido por vento forte. A lei do
renascimento arrebatava-o às esferas mais baixas, onde, novamente internado na
carne, trabalharia, não para ser compreendido, mas para compreender.
A
Ordem do Mestre
Avizinhando-se
o Natal, havia também no Céu um rebuliço de alegrias suaves. Os Anjos acendiam
estrelas nos cômoros de neblinas douradas e vibravam no ar as harmonias
misteriosas que encheram um dia de encantadora suavidade a noite de Belém. Os
pastores do paraíso cantavam e, enquanto as harpas divinas tangiam suas cordas
sob o esforço caricioso dos zéfiros da imensidade, o Senhor chamou o Discípulo
Bem-Amado ao seu trono de jasmins matizados de estrelas.
O
vidente de Patmos não trazia o estigma da decrepitude como nos seus últimos
dias entre as Espórades. Na sua fisionomia pairava aquela mesma candura
adolescente que o caracterizava no princípio do seu apostolado.
-
João – disse-lhe o Mestre – lembras-te do meu aparecimento na Terra?
-
Recordo-me, Senhor. Foi no ano 749 da era romana, apesar da arbitrariedade de
frei Dionísios, que colocou erradamente o vosso natalício em 754, calculando no
século VI da era cristã.
-
Não, meu João – retornou docemente o Senhor – não é a questão cronológica que
me interessa em te arguindo sobre o passado. É que nessas suaves comemorações
vem até mim o murmúrio doce das lembranças!...
-
Ah! sim, Mestre Amado – retrucou pressuroso o Discípulo – compreendo-vos.
Falais da significação moral do acontecimento. Oh!...se me lembro... a
manjedoura, a estrela guiando os poderosos ao estábulo humilde, os cânticos
harmoniosos dos pastores, a alegria ressoante dos inocentes, afigurando-se-nos
que os animais vos compreendiam mais que os homens, aos quais ofertáveis a
lição da humildade com o tesouro da fé e da esperança.
Naquela
noite divina, todas as potências angélicas do paraíso se inclinaram sobre a
Terra cheia de gemidos e de amargura para exaltar a mansidão e a piedade do
Cordeiro. Uma promessa de paz desabrochava para todas as coisas com o vosso
aparecimento sobre o mundo. Estabelecera-se um noivado meigo entre a Terra e o
Céu e recordo-me do júbilo com que Vossa Mãe vos recebeu nos seus braços feitos
de amor e de misericórdia. Dir-se-ia, Mestre, que as estrelas de ouro do
paraíso fabricaram, naquela noite de aromas e de radiosidades indefiníveis um
mel divino no coração piedoso de Maria!...
Retrocedendo
no tempo, meu Senhor bem-amado, vejo o transcurso da vossa infância, sentindo o
martírio de que fostes objeto; o extermínio das crianças de Vossa idade, a fuga
nos braços carinhosos da Vossa progenitora, os trabalhos manuais em companhia
de José, as vossas visões maravilhosas no Infinito, em comunhão constante com o
Vosso e nosso Pai, preparando-Vos para o desempenho da missão única que Vos fez
abandonar por alguns momentos os palácios de sol da mansão celestial para
descer sobre as lamas da Terra.
-
Sim, meu João, e, por falar nos meus deveres, como seguem no mundo as coisas
atinentes à minha doutrina?
-
Vão mal, meu Senhor. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, efetuado para
combater o cisma de Ario em 325, as vossas verdades são deturpadas. Ao
arianismo seguiu-se o movimento dos iconoclastas em 787 e tanto contrariaram os
homens o Vosso ensinamento de pureza e de simplicidade, que eles próprios nunca
mais se entenderam na interpretação dos textos evangélicos.
-
Mas não te recordas, João, que a minha doutrina era sempre acessível a todos os
entendimentos? Deixei aos homens a lição do caminho, da verdade e da vida sem
lhes haver escrito uma só palavra.
-
Tudo isso é verdade, Senhor, mas logo que regressastes aos vossos impérios
resplandecentes, reconhecemos a necessidade de legar à posteridade os vossos
ensinamentos. Os evangelhos constituem a vossa biografia na Terra; contudo, os
homens não dispensam, em suas atividades, o véu da matéria e do símbolo. A
todas as coisas puras da espiritualidade adicionam a extravagância de suas
concepções. Nem nós e nem os evangelhos poderíamos escapar. Em diversas
basílicas de Rávena e de Roma, Mateus é representado por um jo0vem, Marcos por
um leão, Lucas por um touro e eu, Senhor, estou ali sob o símbolo estranho de
uma águia.
- E
os meus representante, João, que fazem eles?
-
Mestre, envergonho-me de o dizer. Andam quase todos mergulhados nos interesses
da vida material. Em sua maioria, aproveitam-se das oportunidades para explorar
o vosso nome e, quando se voltam para o campo religioso, é quase que apenas
para se condenarem uns aos outros, esquecendo-se de que lhes ensinastes a se
amarem como irmãos.
- As
discussões e os símbolos, meu querido – disse-lhe suavemente o Mestre – não me
impressionam tanto. Tiveste, como eu, necessidade destes últimos, para as
predicações e, sobre a luta das idéias, não te lembras quanta autoridade fui
obrigado a despender, mesmo depois da minha volta da Terra, para que Pedro e
Paulo não se tornassem inimigos? Se entre meus apóstolos prevaleciam
semelhantes desuniões, como poderíamos eliminá-las do ambiente dos homens, que
não me viram, sempre inquietos nas suas indagações? ... O que me contrista é o
apego dos meus missionários aos prazeres fugitivos do mundo!
- É
verdade, Senhor.
-
Qual o núcleo de minha doutrina que detém no momento maior força de expressão?
- É
o departamento dos bispos romanos, que se recolheram dentro de uma organização
admirável pela sua disciplina, mas altamente perniciosa pelos seus desvios da
verdade. O Vaticano, Senhor, que não conheceis, é um amontoado suntuoso das
riquezas das traças e dos vermes da Terra. Dos seus palácios confortáveis e
maravilhosos irradia-se todo um movimento de escravização das consciências.
Enquanto vós não tínheis uma pedra onde repousar a cabeça, dolorida os vossos
representantes dormem a sua sesta sobre almofadas de veludo e de ouro; enquanto
trazíeis os vossos pés macerados nas pedras do caminho escabroso, quem se
inculca como vosso embaixador traz a vossa imagem nas sandálias matizadas de
pérolas e de brilhantes. E junto de semelhantes superfluidades e absurdos,
surpreendemos os pobres chorando de cansaço e de fome; ao lado do luxo
nababesco das
basílicas
suntuosas, erigidas no mundo como um insulto à glória da vossa humildade e do
vosso amor, choram as crianças desamparadas, os mesmos pequeninos a quem
estendíeis os vossos braços compassivos e misericordiosos. Enquanto sobram as
lágrimas e os soluços entre os infortunados, nos templos, onde se cultua a
vossa memória, transbordam moedas em mãos cheias, parecendo, com amarga ironia,
que o dinheiro é uma defecação do demônio no chão acolhedor da vossa casa.
-
Então, meu Discípulo, não poderemos alimentar nenhuma esperança?
-
Infelizmente, Senhor, é preciso que nos desenganemos. Por um estranho
contraste, há mais ateus benquistos no Céu do que aqueles religiosos que
falavam em vosso nome na Terra.
-
Entretanto – sussurraram os lábios divinos docemente – consagro o mesmo amor à
humanidade sofredora. Não obstante a negativa dos filósofos, as ousadias da
ciência, o apodo dos ingratos, a minha piedade é inalterável... Que sugeres,
meu João, para solucionar tão amargo problema?
- Já
não dissestes, um dia, Mestre, que cada qual tomasse a sua cruz e vos seguisse?
-
Mas prometi ao mundo um Consolador em tempo oportuno!...
E os
olhos claros e límpidos, postos na visão piedosa do amor de seu Pai Celestial,
Jesus exclamou:
- Se
os vivos nos traíram, meu Discípulo Bem-amado, se traficam com o objeto sagrado
davossa casa, profligando a fraternidade e o amor, mandarei que os mortos falem
na Terra em meu nome. Deste Natal em diante, meu João, descerrarás mais um
fragmento dos véus misteriosos que cobrem a noite triste dos túmulos para que a
verdade ressurja das mansões silenciosas da Morte. Os que já voltaram pelos
caminhos ermos da sepultura retornarão à Terra para difundirem a minha
mensagem, levando aos que sofrem, coma esperança posta no Céu as claridades
benditas do meu amor!...
E
desde essa hora memorável, há mais de cinquenta anos, o Espiritismo veio, com
as suas lições prestigiosas, felicitar e amparar na Terra a todas as criaturas.