quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Aprendendo o Espiritismo (com a Nina)

 

O homem de bem 

 

 

Fonte:
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo 17 - Sede Perfeitos.
Ítem 3 - O homem de bem

Como é o Homem de Bem:
  1. É Honesto.
    Respeito as Leis Divinas e as Leis dos Homens

  2. Faz pelos outros o que gostaria que fizessem por ele.
    "Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas". Esta foi a orientação de Jesus, que pode ser encontrada em Mateus 7:12.

  3. Bom para com todos.Sem preconceitos de cor da pele, religião, lugar em que nasceu, forma de falar, etc.

  4. Pensa se fez algo errado.
    Reflete sobre suas atitudes, procura se tornar uma pessoa melhor a cada dia, vendo se não fez algo errado que poderia ser corrigido.

  5. Faz o bem pelo bem.
    Ajuda aos outros sem esperar nada em troca, não tem interesse.
    Procura amizades sinceras

  6. Perdoa.
    Faz de inimigos amigos e, se não conseguir no momento, ao menos tira qualquer motivo para represália por parte da outra pessoa. Fica com o coração leve, pois não carrega mágoa dentro de si contra outra pessoa.

  7. Sabe que só sofremos para crescer espiritualmente
    Não reclama de Deus.
    Aceita as provas e expiações.
    Não se faz de "pobre coitado" para se fazer de bom e para que os outros sintam pena dele, pois sabe que tudo o que passamos advém de uma causa maior.
    Faz a sua parte para melhorar a situação, com fé e otimismo.
    Atrai bons espíritos, que simpatizam com aqueles que se esforçam para se melhorar e aceitam de bom grado as provações.

Como não é o Homem de Bem:
  1. Não é honesto.
    Valoriza a vitória a qualquer preço. Procura sempre levar vantagem.
    Não respeita as leis humanas e divinas
    Vaidade: Quer que todos o admirem e o achem o melhor de todos
    Egoísmo: Quer vitórias só para si
    Gosta de mentir para conseguir o que deseja.

  2. É Materialista.Esquece de Deus e de se melhorar
    Só pensa em ser melhor materialmente: mais dinheiro, mais brinquedos, ter a melhor profissão e ser melhor que os outros <– frutos do orgulho e egoísmo.
    Dá importância aquilo que um dia não vai ter mais e, no futuro, sofrerá com isso.

  3. Trata bem só os que pensam como ele
    Tem Preconceito, julgar as outras pessoas e se acha o melhor, o dono da razão.

  4. Faz o bem esperando algo em troca
    Procura os amigos por interesse.
    Espera que, tratando os outros bem, receba algum tipo de reconhecimento, fama, sucesso, ou a simples bajulação das pessoas por ser tão bom.
    Deus vê o sentimento que empregamos em nossas ações. Fazer o bem por interesse de agradar as pessoas e obter favores ou coisas materiais delas não é praticar a verdadeira caridade (que requer abnegação, que se doe em prol dos outros sem esperar nada em troca) e, portanto, pode agradar aos homens, mas não agrada a Deus.

  5. Guarda mágoa
    Tem desejo de vingança
    Não perdoa e poderá não ser perdoado
    Lembrar do Pai Nosso: Perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores". Nesta oração, pedimos a Deus que nos perdoe assim como perdoamos os outros.

  6. Culpa os outros pelo seu sofrimento
    Não admite que passa por expiações devido ao próprio comportamento, na maioria das vezes, ainda na encarnação atual.
    Culpa também a Deus e aos bons espíritos por não o ajudar.
    Não procura admitir as próprias fraquezas e se melhorar, permanecendo no erro e dificultando qualquer tipo de ajuda por parte dos bons espíritos e das pessoas inspiradas pelo bem que aparecem em seu caminho.
    Ao invés de superar as provas que aparecem na sua vida, piora ainda mais sua situação.
    Acusa injustamente e comete uma injustiça para com as pessoas que convivem com ele.


Ao trabalhar cada tema, lembrar de trazer cada atitude para o dia a dia infantil: A necessidade de dividir os brinquedos, respeitar as diferenças, ouvir as outras pessoas, a importância de não julgar, de escolher amigos que tenham uma boa conduta, e abordar problemas comuns como a fofoca, brincadeiras fora de hora ou de mal gosto com as outras pessoas e repetir atitudes, de qualquer pessoa, que não seja compatível com o comportamento do Homem de Bem.

---------

 

 

 Atividade: Livrinho do Homem de Bem
- Pedir para as crianças criarem uma capa e pintarem as ilustrações para completar o livrinho.

 

 






 

 

quinta-feira, 5 de março de 2020

LEI DE PROGRESSO/ESTADO DE NATUREZA/MARCHA DO PROGRESSO


LEI DE PROGRESSO/ESTADO DE NATUREZA/MARCHA DO PROGRESSO
Evangelização espírita infantil e ciclos (adaptar a cada faixa etária)

1 – Qual terá sido o objetivo de Deus ao dar somente ao homem, a inteligência para criar?
2 – Quando “inventamos” alguma coisa, devemos pensar no bem e no mal que ela pode provocar? (falar da responsabilidade reencarnatória)
3 – As pessoas que inventaram as coisas que foram usadas para fazer o mal estão condenadas a sofrer eternamente? (falar do arrependimento sincero e da reencarnação que dá nova oportunidade de reparar os nossos erros)
4 – E quando usamos essas invenções na mudança/transformação do nosso corpo físico? Qual deve ser o objetivo? (falar das cirurgias de reconstrução e nas de estética)
5 – É só na área da ciência que podemos ajudar a humanidade ? (Falar da caridade, preservação do meio ambiente, pensamentos e preces)


CRIAÇÕES
                           





Computador
Aviação
                           



Plastico



Eletricidade



Automóvel




Pólvora




BOM USO






Plastico Biodegradável


Luz



MAU USO

Destruição do mau uso.




Aviões de Guerra



Tanque de Guerra



Bomba Atômica 




Cadeira Elétrica 







segunda-feira, 18 de novembro de 2019

JESUS AGINDO APÓS A SUA VOLTA AO MUNDO ESPIRITUAL


CEEB 18/11/2019
TURMA: JOANA DE ÂNGELIS – 3º CICLO - SEGUNDA À NOITE
TEMA: O LIVRO NO ROTEIRO DE JESUS 4ª PARTE
ASSUNTO: JESUS AGINDO APÓS A SUA VOLTA AO MUNDO ESPIRITUAL
Objetivo: Refletir sobre Jesus e seu trabalho iluminativo de amor por todos nós, em todos os tempos, encarnado e desencarnado. 
PÁGINA DE ABERTURA:
PRECE INICIAL.
DESENVOLVIMENTO DA AULA: 
A ideia é que possamos apresentar três textos para reflexão da turma.
Cada evangelizador fará a leitura de um texto. Após perguntamos que sentimento podemos identificar naquela leitura?
Na sequência as crianças terão dois minutos para formularem as perguntas refentes a cada texto.
As perguntas serão guardadas e ao final da leitura dos textos, seraõ sorteadas entre os envagelizandos para que uns façam perguntas aos outros.

Finalizar a aula pedindo que a turma ouça a música UM CERTO GALILEU. Pedir que a turma se concentre para conseguir imaginar cada situação apresentada na canção, ou seja, tentar se sentir aqueles que estiveram ao lado de Jesus qdo aqui esteve.
Após a canção, comentar que a música foi escolhida com o propósito de ressaltar a tolerância entre cristão, como Jesus espera. (A música é católica).
Fechar a reflexão falando que embora tenhamos matado o corpo de Jesus, Ele continua mais vivo do que nunca, conforme verificamos nos textos lidos, e espera de nós que possamos cumprir A Ordem do Mestre, não só no Natal, mas todos os dias das nossas vidas. 

Prece final.

ANEXOS E SUBSÍDIOS:
Por que, Senhor?

1 … E Nicodemos, o grande Nicodemos dos dias primeiros do Evangelho, passou a contar-nos:
— Depois da aparição do Senhor aos quinhentos da Galileia, certo dia, ao entardecer, detive-me à beira do lago de suas pregações, rogando a Ele me dissipasse as dúvidas. Ante os ensinamentos divinos, eu experimentava o entrechoque em torno das ideias de justiça e misericórdia, responsabilidade e perdão… De que maneira conciliar o bem e o mal? como estabelecer a diferença entra o prêmio e castigo? Atormentado, perante as exigências da Lei de que eu era intérprete, supliquei-lhe a palavra e eis que, de súbito, o Excelso Benfeitor apareceu junto de mim… Prostrei-me na areia e Jesus, aproximando-se, tocou-me, de leve, a cabeça fatigada, e inquiriu:
2 — Nicodemos, que pretendes de mim?
— Senhor — expliquei —, tenho o pensamento em fogo, tentando discernir sobre retidão e delinquência, bondade e correção… Porque te banqueteaste com pecadores e tanta vez te referiste, quase rudemente, aos fariseus, leais seguidores de Moisés? Acaso, estão certas as pessoas de vida impura, e erradas aquelas outras que se mostram fiéis à Lei?
3 Jesus respondeu com inflexão de brandura inesquecível:
— Nunca disse que os pecadores estão no caminho justo, mas afirmei que não vim ao mundo socorrer os sãos, e sim os enfermos. Quanto aos princípios de santidade, que dizer dos bons que detestam os maus, dos felizes que desprezam os infelizes, se todos somos filhos de Deus? de que serve o tesouro enterrado ou o livro escondido no deserto?
4 — Messias — prosseguiu —, porque dispensaste tanta atenção a Zaqueu, o rico, a ponto de lhe compartilhares a mesa, sem visitar os lares pobres que lhe circundam a moradia?
— Estive com a multidão, desde as notícias iniciais do novo Reino!… Relativamente a Zaqueu, é ele um rico que desejava instruir-se, e furtar a lição, àqueles amigos a quem o mundo apelida de avaros, é o mesmo que recusar remédio ao doente…
5 — E as meretrizes, Senhor? porque as defendeste?
— Nicodemos, na hora do Juízo Divino, muitas dessas mesmas desventuradas mulheres, que censuras, ressurgirão do lodo da angústia, limpas e brilhantes, lavadas pelo pranto e pelo suor que derramaram, enquanto que aparecerão pejados de sombra e lama aqueles que lhes prostituíram a existência, depois de lhes abusarem da confiança, lançando-as à condenação e à enfermidade.
6 — Senhor, ouvi dizer que deste a Pedro o papel de condutor dos teus discípulos… Porquê? não é ele o colaborador que te negou três vezes?!…
— Exatamente por isso… Na dor do remorso pelas próprias fraquezas, Simão ganhará mais força para ser fiel… Mais que os outros companheiros, ele sabe agora quanto custa o sofrimento da deserção…
7 — Mestre, e os ladrões do último dia? porque te deixaste imolar entre dois malfeitores? e porque asseguraste a um deles o ingresso no paraíso, junto de ti?
— Como podes julgar apressadamente a tragédia de criaturas cuja história não conheces desde o princípio? Não acoberto os que praticam o mal; no entanto, é preciso saber até que ponto terá alguém resistido à tentação e ao infortúnio para que se lhe meça o tamanho da falta… Há famintos que se transformam em vítimas do próprio desequilíbrio e há empreiteiros da fome que responderão pela crueldade com que sonegam o pão… Com referência ao amigo a quem prometi a entrada imediata na Vida Superior, é verdade que assim o fiz, mas não disse para quê… Ele realmente foi conduzido ao Mundo Maior para ser reeducado e atendido em suas necessidades de erguimento e transformação!…
8 — Senhor — insisti —, e a responsabilidade com que nos cabe tratar da justiça? porque pediste perdão ao Todo-Poderoso para os próprios carrascos, quando dependurado na cruz do martírio, inocentando os que te espancavam?
— Não anulei a responsabilidade em tempo algum… Roguei, algemado à cruz: ( † ) “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem…” Com isso, não asseverei que os nossos adversários gratuitos estivessem fazendo o que deviam fazer… Esclareci, tão só, que eles não sabiam o que estavam fazendo e, por isso mesmo, se revelavam dignos da maior compaixão!…
9 Ante as palavras do Senhor — concluiu o antigo mestre de Israel —, as lágrimas me subiram das entranhas da alma para os olhos… Nada mais vi que não fosse o véu diáfano do pranto, a refletir as sombras que anunciavam a noite… Ainda assim, ouvi, como se o Senhor me falasse longe, muito de longe:
— Misericórdia quero, não sacrifício… ( † )
10 Nesse ponto da narrativa, Nicodemos calou-se. A emoção sufocara a voz do grande instrutor, cuja presença nos honrava a mansão espiritual. E, quanto a nós, velhos julgadores do mundo, que o ouvíramos atentos, entramos todos em meditação e silêncio, de vez que ninguém apareceu em nossa tertúlia íntima com bastante disposição para acrescentar palavra.

.Irmão X
(.Humberto de Campos)
22 - O SEMEADOR INCOMPLETO

Conta-se que existiu um cristão inteligente e sincero, de convicções forte e maneiras francas, que, onde estivesse, atento às letras evangélicas, não deixava de semear a palavra do Senhor.
Excelente conversador, ocupava a tribuna com êxito invariável. As imagens felizes fluíamlhe dos lábios quais arabescos maravilhosos de som. Ensinava sempre, conduzia com lógica, aconselhava com acerto, espalhava tesouros verbais. No entanto, reconhecia-se incompreendido de toda gente.
Em verdade, no fundo, exaltava o amor; todavia, acima de tudo, queria ser amado.
Salientava os benefícios da cooperação; contudo, estimava a colaboração alheia, sentindose diminuído quando as situações lhe reclamavam concurso fraterno. Sorria, contente, ao receber o titulo de orientador; entretanto, dificilmente sabia utilizar o titulo de irmão.
Habituara-se, por isso, ao patriarcado absorvente criado pelos homens na imitação do patriarcado libertador de Deus.
Com a passagem do tempo, todavia, suas palavras perderam o brilho. Faltava-lhe a claridade interior que somente a integração com Jesus pode proporcionar.
Servo caprichoso e rígido, insulou-se no estudo das letras sagradas e buscou situar-se nos símbolos da Boa Nova, descobrindo para ele mesmo a posição do semeador incompreendido.
 As estações correram sucessivas e a luz de cada dia encontrou-o sempre sozinho e distante...
Dizia-se enfastiado das criaturas. Semeara entre elas, afirmava triste, as melhores noções da vida, recebendo, em troca, a ingratidão e o abandono. Sentia-se ausente de sua época, desajustado entre os companheiros e descrente do mundo. E porque não desejava contrariar a si mesmo, retirara-se das atividades sociais, a fim de aguardar a morte.
Efetivamente, o anjo libertador, decorrido algum tempo, veio subtraí-lo ao corpo físico.
Estranho, agora, durante muitos anos. Mantinha-se apagada a lâmpada de seu coração.
Não possuía suficiente luz para identificar os caminhos novos ou para ser visto pelos emissários celestes.
O inteligente instrutor, por fim, valeu-se da prece. Afinal, fora sincero em seus pontos de vista e leal a si próprio. E tanto movimentou os recursos da oração que o Senhor, ouvindolhe as suplicas bem urdidas, desceu em pessoa aos círculos penumbrosos.
Sentindo-se agraciado, o infeliz alinhou frases preciosas que Jesus anotava em silencio.
 Depois de longa exposição verbal do aprendiz, perguntou o Mestre, amável:
 - Que missão desempenhaste entre os homens?
 O interpelado fixou o gesto de quem sofre o golpe da injustiça e esclareceu:
 - Senhor, minha tarefa foi semelhante à daquele semeador de tua parábola. Gastei varias dezenas de anos, espalhando tuas lições na Terra. No entanto, não fui bem-sucedido no ministério. As sementes que espargi a mancheias sempre caíram em terra sáfara. Quando não eram eliminadas pelas pedras do orgulho, apareciam monstros da vaidade, destruindoas, surgiam espinhos da insensatez sufocando-as, crescia o lodo do mal, anulando-me o serviço. Nunca fugi ao esforço de oferecer teus ensinamentos com abundância. Atirei-os aos quatro cantos do mundo, através da tribuna privada ou da praça livre. Todavia, meu salário tem sido o pessimismo e a derrota...
Jesus fitava-o, condoído. E porque os lábios divinos nada respondessem, o aprendiz acentuou:
 - Portanto, é imperioso reconhecer que te observei as advertências... Fui sincero contigo e fiel a mim mesmo...
 Verificando-se novo intervalo, disse o Senhor com imperturbável serenidade:
 - Se atiraste tantas semente a esmo, que fazias do solo? Acreditas que o Supremo Criador conferiu eternidade ao pântano e ao espinheiro? Que dizer do lavrador que planta desordenadamente, que não retira as pedras do campo, nem socorre o brejo infeliz? É fácil espalhar sementes porque os principais sublimes da vida procedem originariamente da Providencia Divina. A preparação do solo, porém, exige cooperação direta do servo disposto a contribuir com o próprio suor. Que fizeste em favor dos corações que converteste em terra de tua semeadura? Esperavas, acaso que o logo lodacento te procurasse as mãos para ser drenado, que as pedras te rogassem remoção, que os carrascais te pedissem corrigenda?
Permaneceria a sementeira fora do plano educativo estabelecido pelo Pai Eterno para o Universo inteiro?
 Ante nova pausa que se fizera, o crente, desapontado, objetou:
 - Contudo, tua parábola não se refere aos nossos deveres para com o solo...
 - Oh! – tornou Jesus, complacente – estará o mestre obrigado a resolver os problemas dos discípulos? Não me reportei a Vinha do Mundo, à charrua do esforço, ao trigo da verdade e ao joio da mentira? Não expliquei que o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se transformou em servo de todos? Não comentei, muitas vezes, as necessidades do serviço?
 O ex-instrutor silenciou em pranto convulso.
 O Senhor, todavia, afagou-lhe pacientemente a fronte e recomendou:
 - Volta, meu amigo, ao campo do trabalho terrestre e não te esqueças do solo, antes de semear. Cada coração respira em clima diferente. Enquanto muitos permanecem na zona fria da ignorância outros se demoram na esfera tórrida das paixões desvairadas. Volta e vive com eles, amparando a cada um, segundo as suas necessidades. Aduba a sementeira do bem, de conformidade com as exigências de cada região. Esse ministério abençoado reclama renuncia e sacrifício. Atendendo aos outros, ajustarás a ti mesmo. Por enquanto, és apenas o semeador incompleto. Espargiste as sementes, mas não consultaste as necessidade de chão. Cada gleba tem as suas dificuldades, os seus problemas e percalços diversos. Vai e, antes de tudo, distribuí o adubo da fraternidade e do entendimento.
Nesse instante, o ex-pregador da verdade sentiu-se impelido por vento forte. A lei do renascimento arrebatava-o às esferas mais baixas, onde, novamente internado na carne, trabalharia, não para ser compreendido, mas para compreender.


A Ordem do Mestre

Avizinhando-se o Natal, havia também no Céu um rebuliço de alegrias suaves. Os Anjos acendiam estrelas nos cômoros de neblinas douradas e vibravam no ar as harmonias misteriosas que encheram um dia de encantadora suavidade a noite de Belém. Os pastores do paraíso cantavam e, enquanto as harpas divinas tangiam suas cordas sob o esforço caricioso dos zéfiros da imensidade, o Senhor chamou o Discípulo Bem-Amado ao seu trono de jasmins matizados de estrelas.
O vidente de Patmos não trazia o estigma da decrepitude como nos seus últimos dias entre as Espórades. Na sua fisionomia pairava aquela mesma candura adolescente que o caracterizava no princípio do seu apostolado.
- João – disse-lhe o Mestre – lembras-te do meu aparecimento na Terra?
- Recordo-me, Senhor. Foi no ano 749 da era romana, apesar da arbitrariedade de frei Dionísios, que colocou erradamente o vosso natalício em 754, calculando no século VI da era cristã.
- Não, meu João – retornou docemente o Senhor – não é a questão cronológica que me interessa em te arguindo sobre o passado. É que nessas suaves comemorações vem até mim o murmúrio doce das lembranças!...
- Ah! sim, Mestre Amado – retrucou pressuroso o Discípulo – compreendo-vos. Falais da significação moral do acontecimento. Oh!...se me lembro... a manjedoura, a estrela guiando os poderosos ao estábulo humilde, os cânticos harmoniosos dos pastores, a alegria ressoante dos inocentes, afigurando-se-nos que os animais vos compreendiam mais que os homens, aos quais ofertáveis a lição da humildade com o tesouro da fé e da esperança.
Naquela noite divina, todas as potências angélicas do paraíso se inclinaram sobre a Terra cheia de gemidos e de amargura para exaltar a mansidão e a piedade do Cordeiro. Uma promessa de paz desabrochava para todas as coisas com o vosso aparecimento sobre o mundo. Estabelecera-se um noivado meigo entre a Terra e o Céu e recordo-me do júbilo com que Vossa Mãe vos recebeu nos seus braços feitos de amor e de misericórdia. Dir-se-ia, Mestre, que as estrelas de ouro do paraíso fabricaram, naquela noite de aromas e de radiosidades indefiníveis um mel divino no coração piedoso de Maria!...
Retrocedendo no tempo, meu Senhor bem-amado, vejo o transcurso da vossa infância, sentindo o martírio de que fostes objeto; o extermínio das crianças de Vossa idade, a fuga nos braços carinhosos da Vossa progenitora, os trabalhos manuais em companhia de José, as vossas visões maravilhosas no Infinito, em comunhão constante com o Vosso e nosso Pai, preparando-Vos para o desempenho da missão única que Vos fez abandonar por alguns momentos os palácios de sol da mansão celestial para descer sobre as lamas da Terra.
- Sim, meu João, e, por falar nos meus deveres, como seguem no mundo as coisas atinentes à minha doutrina?
- Vão mal, meu Senhor. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, efetuado para combater o cisma de Ario em 325, as vossas verdades são deturpadas. Ao arianismo seguiu-se o movimento dos iconoclastas em 787 e tanto contrariaram os homens o Vosso ensinamento de pureza e de simplicidade, que eles próprios nunca mais se entenderam na interpretação dos textos evangélicos.
- Mas não te recordas, João, que a minha doutrina era sempre acessível a todos os entendimentos? Deixei aos homens a lição do caminho, da verdade e da vida sem lhes haver escrito uma só palavra.
- Tudo isso é verdade, Senhor, mas logo que regressastes aos vossos impérios resplandecentes, reconhecemos a necessidade de legar à posteridade os vossos ensinamentos. Os evangelhos constituem a vossa biografia na Terra; contudo, os homens não dispensam, em suas atividades, o véu da matéria e do símbolo. A todas as coisas puras da espiritualidade adicionam a extravagância de suas concepções. Nem nós e nem os evangelhos poderíamos escapar. Em diversas basílicas de Rávena e de Roma, Mateus é representado por um jo0vem, Marcos por um leão, Lucas por um touro e eu, Senhor, estou ali sob o símbolo estranho de uma águia.
- E os meus representante, João, que fazem eles?
- Mestre, envergonho-me de o dizer. Andam quase todos mergulhados nos interesses da vida material. Em sua maioria, aproveitam-se das oportunidades para explorar o vosso nome e, quando se voltam para o campo religioso, é quase que apenas para se condenarem uns aos outros, esquecendo-se de que lhes ensinastes a se amarem como irmãos.
- As discussões e os símbolos, meu querido – disse-lhe suavemente o Mestre – não me impressionam tanto. Tiveste, como eu, necessidade destes últimos, para as predicações e, sobre a luta das idéias, não te lembras quanta autoridade fui obrigado a despender, mesmo depois da minha volta da Terra, para que Pedro e Paulo não se tornassem inimigos? Se entre meus apóstolos prevaleciam semelhantes desuniões, como poderíamos eliminá-las do ambiente dos homens, que não me viram, sempre inquietos nas suas indagações? ... O que me contrista é o apego dos meus missionários aos prazeres fugitivos do mundo!
- É verdade, Senhor.
- Qual o núcleo de minha doutrina que detém no momento maior força de expressão?
- É o departamento dos bispos romanos, que se recolheram dentro de uma organização admirável pela sua disciplina, mas altamente perniciosa pelos seus desvios da verdade. O Vaticano, Senhor, que não conheceis, é um amontoado suntuoso das riquezas das traças e dos vermes da Terra. Dos seus palácios confortáveis e maravilhosos irradia-se todo um movimento de escravização das consciências. Enquanto vós não tínheis uma pedra onde repousar a cabeça, dolorida os vossos representantes dormem a sua sesta sobre almofadas de veludo e de ouro; enquanto trazíeis os vossos pés macerados nas pedras do caminho escabroso, quem se inculca como vosso embaixador traz a vossa imagem nas sandálias matizadas de pérolas e de brilhantes. E junto de semelhantes superfluidades e absurdos, surpreendemos os pobres chorando de cansaço e de fome; ao lado do luxo nababesco das
basílicas suntuosas, erigidas no mundo como um insulto à glória da vossa humildade e do vosso amor, choram as crianças desamparadas, os mesmos pequeninos a quem estendíeis os vossos braços compassivos e misericordiosos. Enquanto sobram as lágrimas e os soluços entre os infortunados, nos templos, onde se cultua a vossa memória, transbordam moedas em mãos cheias, parecendo, com amarga ironia, que o dinheiro é uma defecação do demônio no chão acolhedor da vossa casa.
- Então, meu Discípulo, não poderemos alimentar nenhuma esperança?
- Infelizmente, Senhor, é preciso que nos desenganemos. Por um estranho contraste, há mais ateus benquistos no Céu do que aqueles religiosos que falavam em vosso nome na Terra.
- Entretanto – sussurraram os lábios divinos docemente – consagro o mesmo amor à humanidade sofredora. Não obstante a negativa dos filósofos, as ousadias da ciência, o apodo dos ingratos, a minha piedade é inalterável... Que sugeres, meu João, para solucionar tão amargo problema?
- Já não dissestes, um dia, Mestre, que cada qual tomasse a sua cruz e vos seguisse?
- Mas prometi ao mundo um Consolador em tempo oportuno!...
E os olhos claros e límpidos, postos na visão piedosa do amor de seu Pai Celestial, Jesus exclamou:
- Se os vivos nos traíram, meu Discípulo Bem-amado, se traficam com o objeto sagrado davossa casa, profligando a fraternidade e o amor, mandarei que os mortos falem na Terra em meu nome. Deste Natal em diante, meu João, descerrarás mais um fragmento dos véus misteriosos que cobrem a noite triste dos túmulos para que a verdade ressurja das mansões silenciosas da Morte. Os que já voltaram pelos caminhos ermos da sepultura retornarão à Terra para difundirem a minha mensagem, levando aos que sofrem, coma esperança posta no Céu as claridades benditas do meu amor!...
E desde essa hora memorável, há mais de cinquenta anos, o Espiritismo veio, com as suas lições prestigiosas, felicitar e amparar na Terra a todas as criaturas.








Espirito protetor.

 

Ama